Mestres e discípulos se enfrentam
O pássaro está vivo?
O jovem estava no final de seu
treinamento; em breve passaria a ensinar. Como todo bom aluno, precisava desafiar
seu professor, e desenvolver sua própria maneira de pensar. Capturou
um pássaro, colocou-o numa das mãos, e vai até ele:
- Mestre, este pássaro está vivo ou morto?
Seu plano era o seguinte: se o mestre dissesse “morto” ele abriria
a mão e o pássaro voaria. Se a resposta fosse “vivo”,
ele esmagaria a ave entre os dedos; assim, o mestre sempre estaria errado.
- Mestre, o pássaro está vivo ou morto? - insiste.
- Meu caro aluno, isto vai depender de você - é o comentário
do mestre.
O peixe salvou minha vida
Nasrudin, o mestre louco da tradição
sufi, passa diante de uma gruta, vê um yogue em plena meditação,
e pergunta o que ele está buscando.
- Contemplo os animais, e aprendi deles muitas lições que podem
transformar a vida de um homem - diz o yogue.
- Ensine-me o que sabe. E eu ensinarei o que aprendi,
pois um peixe já
salvou minha vida - responde Nasrudin.
O yogue espanta-se: só um santo pode ter a vida salva por um peixe.
E resolve ensinar tudo que sabe. Quando termina, diz a Nasrudin:
- Agora que já lhe ensinei tudo, ficaria orgulhoso de saber como um
peixe salvou sua vida.
- É simples. Eu estava quase morrendo de fome quando o pesquei, e graças
a ele pude sobreviver três dias.
O
estrangeiro quer aprender
- Não temos portões em nosso mosteiro - Shantih comenta com
o visitante que ali chegara em busca do conhecimento.
- E como fazem com os ladrões?
- Não há nada de valioso aqui dentro.
Se houvesse, já
teríamos dado a quem precisa.
- E as pessoas inoportunas que vem perturbar a paz de vocês?
- Nós as ignoramos, e elas vão embora - diz Shantih.
- Eu sou um homem preparado, que vim em busca do conhecimento - insiste o
estrangeiro. - Mas os estúpidos? Basta ignorá-los e eles vão
embora?
Isto dá resultado?
Shantih não responde. O visitante insiste algumas vezes, mas vendo
que não obtinha resposta, resolve partir em busca de um mestre mais
concentrado no que fazia.
“Viu como dá resultado?” disse Shantih para si mesmo, sorrindo.
Jean passeia em Paris
Jean passeava com
seu avô em Paris. A determinada altura, viu um sapateiro sendo destratado
por um cliente, que alegava defeitos em seu calçado. O sapateiro escutou
calmamente a reclamação, pediu desculpas, e prometeu refazer
o erro.
Jean e o avô pararam para tomar um café. Na mesa ao lado, o garçom
pediu que um homem – com aparência de importante – movesse
um pouco a cadeira, para abrir espaço. O homem irrompeu numa torrente
de reclamações, e negou-se.
- Nunca esqueça do que viu - disse o avô. - O sapateiro aceitou
uma reclamação, enquanto este homem a nosso lado não
quis mover-se. Os homens que fazem algo útil, não se incomodam
de serem tratados como inúteis. Mas os inúteis sempre se julgam
importantes, e escondem toda a sua incompetência atrás da autoridade.